Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Quarta, 11 de Junho de 2025
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

São Silvestre - parte 2, por Bruna Girotto

Bruna Girotto - 11 de janeiro de 2012 - 09:41

Visão que tivemos do pelotão geral quando chegamos na Paulista faltando 3h para largadaGuilherme Girotto
Visão que tivemos do pelotão geral quando chegamos na Paulista faltando 3h para largadaGuilherme Girotto

Acordei cedo no dia 31. Acho que era a ansiedade para participar da São Silvestre. A família decidiu almoçar no Mercadão Municipal de São Paulo. Alguns queriam saborear o famoso pastel de bacalhau, e outros o sanduíche de mortadela. Eu não podia nem pensar nisso, já que algumas horas depois correria. Eu almocei uma macarronada com molho de tomate e carne moída. Meu irmão petiscou o pastel e o sanduíche que a esposa estava comendo. Corajoso ele!

Às 14h saímos do hotel rumo à avenida Paulista. Fomos a pé até a largada. No caminho, encontramos um rapaz do Pará, atleta profissional, que sairia logo atrás do primeiro pelotão de elite. Meu pai aproveitou para entrevistá-lo.

Existe uma ordem de largada. Às 17h sai o pelotão de elite feminino. Vinte minutos depois sai o pelotão de elite masculino, onde estão os atletas internacionais e os nacionais que são convidados pela prova. Em seguida, tem mais dois pelotões de elite, em que o atleta tem de comprovar ter participado de provas e ficado bem classificado, bem como tem de pagar um valor de R$600 a R$800 (se não me engano). E, por fim, somos nós, pobres mortais, o famoso pelotão geral.

O pelotão geral é bem aquilo que a Globo mostra. Quando chegamos, faltando três horas para a largada, já havia cinco mil atletas em pé, alguns segurando faixas, outros fantasiados e outros apenas guardando lugar para sair na frente. Lá você vê de tudo. Desde os sósias do Pelé e do Neymar, até homem fantasiado de noiva, corinthiano pagando promessa com uma enorme Nossa Senhora nas costas, papai noel, índio, enfim, é uma verdadeira festa!

Eu e meu irmão ficamos bem na frente. Tentamos mostrar para o mundo nossa plaquinha escrito \\\"Cassilândia - Mato Grosso do Sul\\\", mas as dezenas de placas que tinham na nossa frente dificultaram muito.

O dia estava nublado, talvez se estivesse com sol seria ainda mais difícil. Ali, começamos a conhecer outras pessoas que já correram a São Silvestre. Tinha um senhor que participava da prova desde a década de 80. Super experiente, estava com uma sacolinha com água mineral. Ali, já vi que eu e o Guilherme erramos. Fomos sem água, e ficamos três horas sem ingerir líquido. Por óbvio, começamos a prova desidratados. Mas, é vivendo que se aprende.

Depois, um grupo de mineiros começou a puxar papo. O mais animado era um senhor de 60 anos, com um corpo invejável para qualquer moço de 20 anos. Ele era negro, alto, com as pernas longas e lisas (reparei isso na hora que estava sentada no chão, descansando um pouco) e havia vencido a batalha contra um câncer de próstata. Um contador de história que ainda tentou nos convencer que ele era cobaia da Nasa.

Existem os momentos chatos. Quando pessoas querem pular a grade para sair na frente. Mas fazem isso depois de horas que estávamos em pé. O povo vaia, joga água, garrafa com xixi (isso mesmo!), fruta e até sapato.

O negócio do xixi é bem nojento. Banheiro químico tem, mas como o pessoal não quer perder o lugar, fazem no chão da avenida Paulista ou em garrafa de água mineral. Ali, na frente de todo mundo mesmo. Uma hora meu irmão alertou: \"Não olhe para trás\".

As três horas de espera foram muito longas e cansativas. Mas, compensou pois em menos de 2 minutos já havia ado a largada. Teve corredor que demorou 20 minutos para ar este local.

Na última hora (entre 16h30 às 17h30), começaram os conselhos dos veteranos. Porém, o mais estranho foi daquele senhor de pernas lisas e longas: \"Olha, se você cair, proteja a cabeça e coloque a mão na região do rim, porque com certeza vão pisar em você\". Naquele momento, eu senti um medo absurdo. E combinei com o meu irmão que ele sairia atrás de mim, para me ajudar, se algum acidente acontecesse.

No fim, estava mais preocupada com a largada do que com os quinze quilômetros. Imagina, você ser pisoteada numa corrida? Seria muito azar.

Amanhã, conto como foi a largada e o percurso da prova.

SIGA-NOS NO Google News